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(Texto de Luís Pontes, publicado na Voz de São João em 16/05/2015)
O martírio de São João Nepomuceno foi um fato real e documentado por seus contemporâneos, inclusive pelo então Bispo da cidade de Praga, que, ao saber do trágico destino sofrido por seu subordinado devido aos atritos com a Coroa, dirigiu-se imediatamente a Roma, a fim de denunciar ao Papa, pessoalmente e também por escrito, o abuso cometido pelo Rei Venceslau. Entretanto, paralelamente aos fatos históricos narrados por essas crônicas, difundiu-se, como se disse, uma crença popular contando detalhes um pouco diferentes a respeito da morte do santo e da causa de seu martírio.
Esse choque de diferentes versões fez alguns pensarem que se tratava de dois personagens diferentes, vivendo praticamente na mesma época, com o mesmo nome e sofrendo destinos muito parecidos, ou mesmo idênticos. Ao mesmo tempo e por outro lado, tais disparidades também serviram para que outros, mais céticos, passassem a duvidar da existência do santo, ou da veracidade de sua história.
Apesar disso, o que parece mais razoável é considerar que João Nepomuceno, com efeito, existiu e teve sua vida devidamente retratada pelas crônicas de alguns de seus contemporâneos. E o fato de, após a sua morte, terem surgido outras lendas a seu respeito parece-nos algo perfeitamente natural, e que não chega a comprometer a crença na existência de seu respectivo personagem histórico.
A imagem e a simbologia do Mártir da Confissão
Em geral, o Mártir da Confissão é representado como um homem de meia idade e paramentado com suas vestes sacerdotais. Também costuma aparecer de pé sobre a ponte de um rio, para lembrar o lugar de seu sacrifício, e segura nas mãos um crucifixo, com o qual parece dialogar, como se, ao fazê-lo, estivesse também compartilhando com Cristo o seu martírio. Outras vezes, é mostrado com um dedo indicador sobre a boca, numa alusão ao silêncio confessional, cuja defesa intransigente, segundo a crença geral, acabou causando a sua própria tortura e morte.
Outras figuras comumente associadas ao santo são uma palma, que, na tradição católica, é um atributo não apenas dele, mas de todos os mártires, e também uma auréola composta de cinco estrelas, as quais supostamente teriam surgido sobre o rio Moldava, no mesmo local e momento em que o corpo do santo foi precipitado nas suas águas. Existe igualmente a versão de que as cinco estrelas representam as cinco letras da palavra latina TACUI, que significa “calei-me”, numa outra alusão ao já mencionado episódio da recusa do santo em revelar ao monarca os segredos confessionais da rainha.
Estátua de São João Nepomuceno colocada sobre a ponte Carlos no final do século 17, pouco antes de sua canonização, e que influenciaria bastante toda a iconografia posterior do santo. (Fotografia de Luís Pontes).
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Fotografia tirada por este autor, da estátua de São João Nepomuceno sobre a ponte Carlos, em Praga, capital tcheca, então coberta de neve, e que, devido à profusão de torres de suas igrejas e palácios, é conhecida como a “Cidade dos Mil Pináculos”.
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